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The Sun Green Hills

Conversas de café e outros devaneios...

greendale

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

"FUCKING BELGIUM WEATHER"

Há dias assim...

Acordamos vermelhos do calor do quarto. O aquecimento ficou ligado durante a noite e o corpo esse, está mole e cansado. Abrimos a janela esperando a luz rejuvenescedora e não encontramos mais do que um céu tenso e opaco. O vento não sopra forte, mas as pessoas enfiam vigorosamente as mãos nos bolsos dos anoraks e sobretudos, enquanto encolhem os ombros apertando-os contra as orelhas. Não se entende se os encolhem pelo frio ou se pela rotina que já não desafiam.
Talvez chova.

O rolar das bicicletas corta-nos com a mesma profundidade das buzinas dos carros, enquanto que as folhas das árvores, outrora resplandecentes, estão caídas no chão ou esvoaçam ao ritmo das passadas que as cruzam.


Perplexos e resignados, limitamo-nos a observar participativamente.

A solidão da multidão é asfixiante e as miradas que se cruzam nos transportes públicos vazias. O que vemos não nos interessa nem agrada. É melhor encostar a cabeça ao vidro, fechar os olhos e tentar sonhar com algo reconfortante. Realmente parece que estamos todos a levitar e que o tempo não passa de acordo com o avançar dos ponteiros. Somos etérios.

No meio da dormência sentimos ternura em algo. Pode ser o toque suave da lã ou o quase esboçar de um sorriso numa cara bonita. Pode ser outra (in)significância qualquer. Então sentimo-nos bem e convencemo-nos de que vale a pena. É como se a tristeza também tivesse a capacidade de rir, de ser e estar alegre, sem deixar de ser melancólica. Chora, desfrutando contente esse simples facto.



Há dias em que o mundo nos envolve por completo e não temos outro remédio senão, solidamente, baixar os braços. De um modo consentido e acima de tudo imperativo, somos levados pela corrente, qual camisa de forças impossível de fugir.

Perguntam-nos se se passa algo. Respondemos que não. Óbvia e sinceramente.

E não entendemos o porquê dos nós que temos no peito, pois a nossa carinhosa introspecção restringe-se, provavelmente, ao cinzento outonal do céu.

Estes dias também chegam ao fim, assim como já se silenciaram as notas musicais dos Air com o seu "Playground Love".

Amanhã certamente fará sol.

1 Comments:

Blogger Rumbo said...

...e mesmo que o sol não se empoleire num céu só dele e se esconda aborrecido por entre as viajantes da cor da cinza, o teu ensinamento aconchegar-se-à num sorriso que desponta constante, errando pelos enleios invernais, envolto translúcido nos tons negros do Inverno.
Um post singular. ;)

7:59 da tarde  

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