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quarta-feira, março 08, 2006

DIA DA MULHER?

Estimulado pelos escritos do saudoso Pedro (Sombra do Convento) e da inquieta Beatriz (Wisdom, that’s what I’ve aspired), dei por mim a pensar em algo que nem sabia ser hoje (ou talvez até terá sido ontem): o Dia da Mulher.


Reconheço e sou dos primeiros a apontar o dedo à descriminação feminina que "paira" na nossa sociedade, linguagem e linha de pensamento. Tento sempre, como professor, abordar os meus alunos sem que seja pelo género – no caso português, a palavra criança até tem um toque feminino, o que já não acontece com os “niños” espanhóis. No entanto, como cidadão comum que gosta e se deleita com o simples caminhar pelas ruas da vida, não faço o mínimo esforço para desenvolver qualquer tipo de percepção separatista no que toca a homens e mulheres. E porquê? Porque simplesmente é-me completamente indiferente que quem se me depara, do ponto de vista social, seja de facto homem ou mulher. Essa não é a grande questão. É-o sim a competência e os valores.

Reconheço também que há dificuldades históricas que requerem ser ultrapassadas e para os quais se há-de sempre lutar. E para os quais valerá sempre a pena. No entanto, também não acredito que é com supostos Dia da Mulher que a luta se desenvolve num sentido positivo. Dá-me a sensação que continua a haver alguém que gosta de falar ainda mais alto do que todos os outros. Por isso sinto a pouca sobriedade destas manifestações como o encaminhamento da nossa espécie rumo a um rotundo e quase anedótico vazio existencial.

Sou naturalmente homem e não aceito de ânimo leve lições de sensibilidade – essa que tanto se diz ser apanágio do coração feminino – e muito menos tenho sentido na minha vida diária algum tipo de descriminação favorável em relação à mulher. Seja na vida profissional, onde uma cara bonita está sempre mais bem colocada, seja na vida académica, onde há sempre uma colega que gosta de se supor a um professor mais do que devia, seja nas noitadas de que tanto gosto em que sou sempre eu que levo o cartão da casa, ou seja, quem paga (as "ladies night" não me deixam mentir). Mas, atenção, tenho consciência de que este é um caso particular e à minha escala pessoal.

Também não me lembro de nenhum dia do homem. Mas reconheço as atrocidades que os homens têm feito às mulheres (não digo “temos” porque não me incluo nem me identifico com essas tristes memórias). Por isso aceito que estas desenvolvam algum tipo de reivindicação Todavia, revejo neste caminho que escolheram trilhar uma postura fortemente “machista no feminino”.

Não consigo entender o conceito de igualdade – não só no caso do sexismo como também do racismo – quando o que vejo são nada mais do que diferenças. A questão está, obviamente, na aceitação e (con)vivência dessas mesmas diferenças, sempre com o sentido de respeito e a noção de complementariedade que as mesmas nos exigem e motivam.



Espero ansiosamente por um Dia do Ser Humano. E que esse dia seja todos os dias. Um dia em que o indivíduo – ou o duo-indivisivel (homem/mulher) – caminhe com as mãos fortemente dadas. Sem histerismos ou deslumbramentos desnecessários.

1 Comments:

Blogger Rumbo said...

Aqui revelas uma doutrina que aprendemos em conjunto. Nada mais há a acrescentar. Disseste tudo e bem.
E assim as mulheres caminham para uma igualdade que se quer o quanto antes. Com gente que quer, como nós.
Mas para que tudo seja bem assimilado é necessário que aconteça lentamente, que se afirme como uma necessidade comum a todo o ser que é Humano.

1:35 da tarde  

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