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The Sun Green Hills

Conversas de café e outros devaneios...

greendale

sexta-feira, setembro 14, 2007

Seguir viagem (dentro)

Já lá vão uns quantos anos desde que soou pela primeira vez o aviso de que o comboio ia partir. Até então, o destino fora sempre previsto: alicerçado pelas jamais ultrapassadas construções do passado, o futuro projectava-se numas poucas ruas já imaginadas, embora nunca até à exaustão. No dia da partida, detive-me na estação de origem e fixei-me no horizonte por onde iriam desaparecer as minhas carruagens num misto de alegria e receio. Sabia que quando vacilasse, quereria concentrar-me no sabor único que tem a aventura.

Antes de seguir caminho, meditei em como os lugares de onde supostamente venho, e sou, sofreriam as suas próprias mutações, que incompatibilizadas com as minhas me fariam não mais pertencer a esse espaço. E a esse tempo. Por outro lado, agarrei-me com firmeza às incertezas do trajecto que decidi percorrer. Sabia bem o quanto podia abanar o barco mas também acredito que só àqueles que têm unhas é concedida a arte de tocar guitarra.


Ao longo da viagem, vou passando por 1001 sítios e em cada um deles me cruzo com outras tantas caras e outras tantas coroas. Já me senti identificado com a essência dos mais recônditos dos cantos e até nas grandes multidões encontrei incomparáveis sorrisos, assim como infindáveis solidões. À minha volta tudo gira a uma velocidade estonteante enquanto, dentro de mim, encontro nessa mesma dinâmica a constância da minha vibrante estabilidade. Reajo metendo as mãos nos bolsos e pensando em como a vida é um sentimento experimentado por todos aqueles que amam a existência e lutam por a fazer viver.

Cada vez que chego a uma nova estação vislumbro muitas outras linhas, paragens e praças como boas alternativas a explorar. Em cada uma destas estações que paro penso em não seguir viagem (fora) e aprender também na moderação dos costumes diários.



E enquanto espero pelos próximos passos, são poucos aqueles que, comigo, repetem a partilha dos bancos onde pacientemente me vou sentando. Por vezes, também saboreio beijos abruptamente acabados por um inflexível horário de um qualquer relógio. É nestes (des)encontros que percebo que, no final de contas, as minhas estações de destino são os meus novos pontos de partida. É aqui que assumo que não estou numa aventura pois sou eu a própria aventura, seja ela feita cruzando carris, seja ela feita na rotina das ruas em frente à primeira de todas as estações.

Entretanto, uma voz desconhecida soa no ar dizendo: “Próxima estación: Esperanza!”

2 Comments:

Blogger .sakul.onurb. said...

Se te ajuda-nos (não é erro gramatical) nessa Viagem:
acredito que em nosoutros, tus hermanos, bem "dentro", também surdamente ouvimos os carris enquanto assistimos à contínua transformação das "paisagens"...
Com esta comparação relactivamente incompreensível, mas incerta, podes dar-me como como maluco.;)
"Uma vida de Morte e Ressurreição permanentes!"?
Cheguei à "Esperanza"...
E agora?!

12:25 da tarde  
Blogger Rhodes said...

Sakul: Já estás em Madrid?...da-se!

Gianluka: Be the road, my friend! The less travelled one! Abraço

5:33 da tarde  

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