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segunda-feira, abril 30, 2007
quarta-feira, abril 04, 2007
Portunhol já é «idioma oficial» em centenas de páginas da Internet

Há inúmeros exemplos que podem ser encontrados online sobre este linguajar ibérico e latino-americano, mas, para conseguir expressar-se num portunhol básico, um madrileno ou um «alfacinha de gema», só têm, segundo se pode ler em portunholselvagem.blogspot.com, que trocar o b pelo v e o o por lo e o a por la.
Já mais sérias são as citações de Gilberto Gil, quando o músico, autor, intérprete e ministro da Cultura brasileiro, no V Fórum Social Mundial, de Porto Alegre, Brasil, em 2005, defendeu ser o portunhol «uma língua em gestação, que está nascendo».
E o próprio dá um exemplo, ainda citado por blogues brasileiros que debatem o tema, para a eficácia do portunhol, quando, em Xangai, China, num encontro entre ministros da Cultura de diversos países, falou nesta «língua» que emerge do português e do castelhano, e foi «plenamente compreendido tanto por aqueles que dominam a língua portuguesa, como também pelos nativos da língua espanhola».
«O portunhol é uma manifestação espontânea, natural, vinda dos corpos e das almas culturais dos nossos povos. Nós precisamos nos entender, não sabemos um a língua do outro e temos, ao mesmo tempo, certos resíduos das línguas do português entre eles e do espanhol entre nós, o que nos propicia falar palavras», defendia Gil em 2005.
Em Portugal os exemplos de portunhol podem facilmente ser escutados na boca de jogadores de futebol ou treinadores latino- americanos.
A época festiva da Páscoa, que leva milhares de portugueses a Espanha e vice-versa é também um momento único, em qualquer loja de artesanato ou de «recuerdos», para ouvir o portunhol em acção.
Exemplos que Fernando Paulo Baptista, linguista e autor de inúmeros ensaios sobre a matéria, enquadra numa dinâmica proporcionada por duas línguas «intercomunicantes», tendo em conta a necessidade de as pessoas poderem comunicar quando «não dominam totalmente a língua do outro».
O autor de «Tributo à Madre Língua», que é um conjunto de ensaios sobre a língua portuguesa, admite a possibilidade, como defende Gilberto Gil, de o portunhol poder evoluir para uma língua de facto, mas adverte para o risco de poder acontecer um «efeito de sucção» do português pelo castelhano, atendendo à dinâmica e ao maior peso social e económico do mundo hispano-falante.
Contudo, Paulo Baptista, lembra que na América Latina essa fusão é mais fácil porque, naquelas latitudes, tanto o português (Brasil) como o castelhano, não têm um sistema linguístico tão estruturado e cimentado na história dos povos que as falam, constituídos em «mosaico dinâmico», como acontece na Península Ibérica.
Perante isto, e perante o fenómeno da globalização, o portunhol pode ser uma resposta facilitadora das aproximações exigidas por essa realidade consubstanciada pela acelerada queda de barreiras e fronteiras, não só económicas, mas também culturais.
No entanto, o académico sublinha a importância de, para que não haja perdas de nenhum dos lados, a «singularidade de uma língua não entre em conflito com a singularidade da outra», no caso o castelhano e o português, passando esse objectivo por «uma política da língua eficaz» ditada pelas autoridades competentes.
E lembra que é à língua portuguesa que «nós» devemos «em primeiro lugar» aquilo que somos.
Entretanto, num claro exemplo de portunhol utilizado nos inúmeros sítios online latino-americanos, é possível encontrar esta «pérola» em portunhol: «Prefiro los poetas que tienen la sabiduria de non se levarem muito a sério. Também non gosto di certos malabarismos eruditos idiotas».
in Lusa/SOL (sol.sapo.pt)
Eu, por meu lado, defendo que cada um se expressa como pode, por isso é natural a mistura de línguas quando o que é importante é mesmo estabelecer comunicação. Agora falar de idiomas concretamente já é outra coisa... Nesse sentido, acho que o portuñol roça o ridiculo. E se queremos uma língua que tanto portuguesoparlantes como castellanoparlantes entendam, então vamos todos aprender galego!