.comment-link {margin-left:.6em;}

The Sun Green Hills

Conversas de café e outros devaneios...

greendale

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Pseudo-Auto-Avaliação-de-um-ainda-mais-Pseudo-Artista


Ao (re)encontrar alguns riscos meus escritos outrora, quis reflectir auto-criticamente mas cheguei à seguinte conclusão (que não é somente personalizada):

É sem dúvida complicado avaliar algo que não é objectivamente avaliável - a criatividade. Muito menos quando se assume, prioritarimente, que não se pretende quantificar nada nem ninguém. O que avaliar então? Ou melhor, como avaliar então?

Partindo do princípio que a obra que nasce de um qualquer artista - passe a expressão - é algo que, estando a seu jusante, tem em si contidas todas as vicissitudes do autor que a compõe, como pode, então, este mesmo autor olhar para elas - para si? - e qualificá-las, ou pior ainda, classificá-las como um todo, qual negação da identidade e dos diferentes estados de inspiração - ou falta dela - de que nasceram?

Finalmente, e assim o creio, não é ao crítico que baseando-se na sua experiência, douta sabedoria e poder de comparação a quem compete avaliar a obra do louco ou genial artista? Ou é este mesmo que, louco ou génio mais uma vez, se auto-avalia a si próprio?

Assim, só me resta desejar BOM PROVEITO a quem nas ditas "obras" tiver a paciência de pegar! Agora... Narcisismos? Jamais...


SERÁ POSSÍVEL UM MELHOR DESPERTAR?

Imaginemos...


Um mundo em que, por incrível que pareça, morram crianças à fome...
Um mundo em que o dinheiro valha mais do que a vida humana...
Um mundo em que a traição seja mais aceite que o amor...
Um mundo em que a mentira tenha mais força que a verdade...
Um mundo em que o stress seja mais comum que a alegria...
Um mundo em que seja mais fácil dar/levar uma palmada do que um abraço...
Um mundo em que os serões de lazer sejam gastos a trabalhar...
Um mundo em que o tempo de trabalho seja passado a brincar...
Um mundo em que os amigos se vejam de década a década...
Um mundo em que a família seja a primeira fonte de agonia...
Um mundo em que os filhos sejam um estorvo...
Um mundo em que os pais sejam uns caretas...
Um mundo em que a marca do carro conte mais que o brilho do olhar...
Um mundo em que se acredite na guerra como solução...
Um mundo em que, a todo o momento, se ignore o próximo...
Um mundo em que cada um funcione só por si...
Um mundo em que se finja ser Doutor de coisa alguma...
Um mundo em que se pague para ter/fazer/ver "amor"...
Um mundo onde se morra sem ser de velhice...

Não será este um mundo onde se vive estupidamente?

domingo, janeiro 29, 2006

da VIDA MORTA ou da MORTE VIVA

-
Ou, se quisermos, a história daqueles cuja vida se projecta para além da morte...
Não esquecendo aqueles outros cuja morte invade a própria vida...
-

O que é a morte? E a vida? Não serão ambas etapas de um mesmo ciclo? Não estará o valor de uma estritamente dependente da existência da outra? Então, porquê reflectir sobre a vida e sobre a morte como algo isolado? E se considermos diferentes mortes? Assim como é fácil admitirmos diferentes vidas? Como reflectir então?



DOS QUE PARTEM...

Atingirá a morte aqueles que mata?
Não ultrapassarão as barreiras do tempo e do espaço aqueles em cuja vida foram mais do mera gente?
E os que amaram? Não ficará também bem vivo o seu amor naqueles que foram amados?
E os que procriaram? Não ficará, bem vísivel, o seu gene?

Mas será compreensível um qualquer momento para morrer?
Não é o ano constituído por quatro estações?
Não nasce o Sol de manhã e se põe à noite?
Que dizer então dos que morrem antes do tempo?
Terá sido somente aquele o seu tempo?
Existirá alguma razão para uma flor chegar a ser fruto?
Que reflexão pode o Sol fazer do seu trajecto se morrer no seu meio-dia?

E depois da morte - ou da vida! - que dimensão?
Não se levará da aprendizagem feita nesta vida (alg)uma mensagem?
Alguma (cor)relação com os actos feitos (em) vida?
Morre-se e pronto? A responsabilidade foi de quem já era...
Não será possível acreditar numa relação causa-efeito?
E não será esta relação uma "pescadinha-de-rabo-na-boca"?
Ou não será a vida feita céu, purgatório ou inferno uma responsabilidade individual?

E que(m) morre? O corpo ou a vida? Os dois? Ou nenhum?
Ou será o corpo a própria vida?
Então de que(m) falam, afinal, as lápides?

DOS QUE FICAM...

Como (re)agir quando um ente-querido nos deixa?
Cantando o seu hino (e)ternamente...
Mantendo-o vivo enquanto vivos estivermos...
Fazendo da sua recordação o quotidiano...
Sentindo a saudade com a alegria de um sorriso seu...

Mas...
E se o desaparecimento de quem se ama arruina a vida de quem ficou?
Será que aquela vida continua?
Não originará outra forma - conteúdo? - alternativa de viver?
E se a vida é um constante efeito de uma dada morte?
Como pode um filho crescer tendo a ausência como principal imagem de sua mãe?
Como pode sobreviver um sonho (em) conjunto?
Como pode um pai encarar a morte de um filho, se sente que nem oportunidade lhe foi dada de o poder ajudar a voar?
Sim. Como?

DOS QUE APENAS (NÃO) ESTÃO...

Se é O SONHO QUE COMANDA A VIDA...
Quem não sonha, que vida tem?
Estará vivo?
Se estiver, então o que é viver?
Um desafio permanente? Ou uma forma de acomodação?
Será o "arrastamento" uma forma de evolução?
E quando é a própria vida que mata o sonho?
De quem é a responsabilidade?
Do Homem que (não) sonha? Ou da vida?

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Os Segredos




Tu tens segredos?
Fizeram-me muitas vezes esta pergunta. Sinceramente não menti ao responder que não, repetidas vezes. Não fui mentiroso, pois mentir é dizer o que não corresponde ao que sabes. Talvez tenha sido descuidado, ou no máximo leviano na forma como abordei o acto introspectivo. Ou talvez nem sequer soubesse que existem segredos tão bem guardados que nem sequer tu próprio tens acesso a eles. Talvez seja isso mesmo. E segredo, por exemplo, não é esconder o teu corpo, ou, o que pensas sobre ele, mas sim a essência que o assiste, que é tua e é segredo.
A tarefa não é difícil. Mas ver é fácil. Dá para fazê-lo de variadas formas. Vês de olhos abertos, de olhos fechados. Vês com os ouvidos e com o teu nariz. Vês com a tua pele. Os segredos estão guardados nessas imagens e são impossíveis de ver até que se compreenda os contornos, os limites, os relevos e o espaço das mesmas. E espantoso é ver que os segredos são as próprias imagens. As próprias imagens que depois de redescobertas deixam de ser segredos.
Neguei tantas vezes o meu conhecimento acerca do conteúdo dos meus segredos. E fi-lo sempre sem mentir, como hoje.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Eureka!

Ia eu a caminho da aula de catalão e justamente à saída do metro deparei-me com um jovem - ou uma jovem, nem sei... - de mão estendida supostamente distribuindo publicidade. Recebi o que me oferecia com o mesmo entusiasmo de todas as outras vezes, ou seja, nenhum. Porém, a realidade é que me veio parar às mãos uma Revista Gratuita de Cultura de seu nome "Eureka!". A ideia pareceu-me fascinante mesmo antes de desfolhear a dita cuja. Uma revista gratuita de cultura que já vai no seu número 2. Nem o nosso saudoso "Acontece" tinha tamanho alcance...

Ao chegar a casa, e depois de passar a perceber um pouco melhor o que é essa coisa do "Estatut", dediquei alguns minutos a esta tão notável iniciativa. Na capa, mesmo por baixo do nome que lhe dá identidade estava escrito: "No te acostarás sin saber una cosa más!" O desafio pareceu-me aliciante, embora não o tenha cumprido na íntegra já que a leitura que efectuei foi mais para chamar aos gritos pelo sono do que propriamente para desenvolver o intelecto.



É a partir daqui que surge esta nova estória.

No dia seguinte, fui visitar um colega de curso ao colégio onde este lecciona. Ao chegar, fizeram-me esperar numa sala decorada apenas com revistas, qual sala de espera de uma clínica particular. Enquanto (des)esperava pelo término da aula do meu colega para que este me viesse finalmente receber, fui desfolheando desinteressadamente as revistas que aí estavam, revistas estas que não tinham como tema central a chamada "cultura" e muito menos eram gratuitas.

Às páginastantas - expressão a ser entendida no seu sentido literal - encontrei um artigo que me despertou grandemente o interesse e que fez com que, de facto, hoje me vá deitar sabendo algo mais. E um algo mais bem surpreendente. Tratava-se de uma entrevista a um médico da linha Darwiniana (José Enrique Campillo) que afirmava o seguinte: "El parto humano es prematuro. En eso nos parecemos a los pájaros". No princípio esta frase nada me disse, mas prossegui a leitura...

Este senhor refere ter-se dado conta que a mulher tem sido entendida num plano secundário do ponto de vista evolutivo (nem vamos entrar por outros caminhos) e que isso é uma mentira bem redonda. Na mesma linha, este cientista salienta que "todo el mundo dice que lo que nos hace al humano es el tamaño del cerebro, nuestra cabeza grande. Pero si no hubiera evolucionado la cadera de la mujer para poder parir el cráneo tan grande que tienen nuestros niños, no hubiera habido cerebro". Acrescentou ainda que "El parto humano es un parto prematuro a escala zoológica. Eso también cambió la relación de pareja, la colaboración de los machos en la cría y alimentación de sus hijos". E terminou com a incrível afirmação de que até a menopausa não é fruto de um qualquer acaso pois "como las crías humanas necesitan seis o siete años para poder ser independientes, si las mujeras tuvieran crías a edades muy avanzadas seguro que morían antes de que sus hijos fueran independentes". A menopausa foi assim um truque inventado pela evolução da nossa espécie. A faceta biológica do ser humano revelando toda a sua força.

Assim, facilmente concluí que tenho acreditado - e estudado - erradamente, ou melhor, de forma incompleta, mesmo tendo em conta o forte incurso que tenho feito pelos acontecimentos suportados pela filogenia e ontogenia. De facto, o bebé humano não nasce tão "incapaz" apenas para adquirir uma adaptação ao mundo mais hábil, mas também por uma impossibilidade físico-motora da mulher que não tem a capacidade de dar à luz num momento mais adiantado do processo de desenvolvimento. Logo, a criança humana nasce bastante antes do seu nível óptimo de sobrevivência e independência estar adquirido. Algo que acontece com quase todos os outros mamíferos, embora o mesmo não ocorra com as aves que só estão aptas para voar bastante depois do seu aparecimento no mundo. Entenda-se a real metáfora.

Passo a acreditar que, para além do desenvolvimento da mão (através da pinça digital polegar-indicador) e do cérebro (que está relacionado com a anterior), temos de enumerar também a adaptação brutal que a cintura pélvica da mulher sofreu para que a reprodução se pudesse suceder. Algo que, tendo em conta o complexo e simultâneo processo de aquisição do bipedismo, é absolutamente notável.

Bem hajam, também desta vez, as mulheres e mães deste mundo!

Assim, a mensagem que a revista gratuita de cultura me deixou acabou por ser bem mais forte do que a própria revista em si. Penso que será essa a ideia. E foi bem conseguida.

Será esta a realidade que mais interessa das coisas. Não estas em si mesmas, mas a ideia que conferem, ou seja, o estímulo que nos deixam.

Aprender uma coisa cada dia é mais do que um estímulo. É uma obrigação.

sábado, janeiro 07, 2006


A continuidade que percorre o espaço entre princípio e fim deve estender-se a estes e para além deles. Tenho tendência para achar que posso conhecer tudo se compreender o que existe nesse espaço. Penso nisto tantas vezes. Mas e se assim não for? E se existirem coisas que naturalmente não tenham compreensão possível independentemente da capacidade maior que a evolução guarda lá nos recônditos baús do futuro?
As leis... tudo se rege por leis nesse universo, disso estou convicto. Umas descobertas outras por descobrir. O fundamento da minha convicção encontro-o nas leis que afinal se descobriram. Tenho de saber se as questões radicais são leis, ou, outra coisa. As mentes maiores trabalharão nisso do princípio ao fim. Mas e se as respostas não se encontrarem nesse espaço e estiverem no que antecedeu o princípio e sucederá o fim? Aí ninguém estará lá para estudar e concluir. Aí ninguém me poderá ajudar. E eu como ficarei ao saber disso? Sim, porque tenho de o saber. Mas ainda não sei ao certo porque reside essa necessidade em mim...
Não posso começar uma casa pelo telhado, ou posso?