Grunge

Penso -sim, penso que sim- que um dia toda a gente acaba por ver concretizado o que de mais importante se sonha. Não sei quando, se amanhã ou depois, ou no fim, lá no último momento onde se fala de uma retrospectiva corrida num ápice, uma vista geral extremamente rápida e sumariada, mas bem sumariada, daquilo a que se tem como sendo o momento que antecede a morte. E importa dizer mais. Deve dizer-se que a morte não é o fim mas antes o remate. Deve dizer-se que toda a nossa condição tem por princípio o desfecho e que, como o princípio existe, existirá o respectivo fim. Apesar de ser um tema que pouco tempo nos deve roubar (aqui), quando o contexto assim o intima, pois que seja trazido à mesa, à luz das ideias, ao nosso mundo, e que ele se manifeste mostrando as faces. Seja como for acredito que a recordação de uma praia é um mundo por explorar e ficcionar. Mas para se chegar aqui terá de se ter estado já na dita praia.
Eu acredito, sinceramente, que esse tal concretizar de uns nossos sonhos possa acontecer a qualquer momento, nem que seja o momento que antecede a morte. E assim corre o sangue nas veias e as emoções, que elas correm em nós e nos sonhos que nós sonhamos- Às vezes mundos de tamanhos gigantes apresentam-se-nos certos e a durar um só instante, um só momento.